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Saiba como estes alunos auxiliam quem necessita do braille

Projeto Visum auxilia deficientes visuais a lerem obras brasileiras e sentirem-se mais incluídos.

A professora Daniella Barbosa Buttler percebeu, juntamente a seus alunos, a necessidade de realizar um projeto para que incluísse ainda mais aqueles que precisam. Com isso, ela entrou em contato com a Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo, questionando o que os usuários daquele espaço gostariam de ler e que ainda não estava em Braille. Entre as obras estava a com maior aderência no curso: “Basta de cidadania obscena!”, de Mário Sérgio Cortella e Marcelo Tas. Daí nasceu o Projeto Visum, que significa “visão” em latim.

Além de desenvolver comportamentos leitores e discussões interessantes sobre o tema cidadania, considerando essa obra, Daniella também observou mudanças no comportamento e na vida de seus alunos. Primeiro porque todos queriam muito participar da gravação no estúdio. E depois, porque os estudantes participaram de todos os processos, no âmbito real, desde o contato com a editora, até a edição e o envio para aprovação.

Os alunos perceberam que juridicamente a gravação de um audiolivro não é algo simples. Há todo um processo, um percurso legal e imprescindível para a execução do material. Além disso, a Biblioteca Braille precisou assinar um termo de recebimento deste audiolivro para garantir que ele não se torne um material pirata.

Mas a mudança mais gratificante para Daniella foi sentir que os alunos enquanto gravavam, estavam realmente empenhados em fazer um projeto bom para de fato incluir as pessoas com deficiência.

Quando foram à Biblioteca Braille de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo, para oficializar a entrega do audiolivro, a professora percebeu, no ato da entrega, que os alunos estavam muito sensíveis à dinâmica do local, inclusive ao código Braille, chamado de “sistema de sinal” e não “língua”, como em Libras.

Foi um momento importante para conhecermos o processo de material para as pessoas com essa necessidade especial. Além de ser um material restrito, há poucas parcerias, poucos voluntários para gravação de audiolivro. E isso foi revelador para a professora, pois alguns alunos se inscreveram para continuar o trabalho como voluntários na gravação de outros audiolivros.

Daniella, que é professora no Colégio Humboldt, finaliza: “como professora e cidadão, desenvolver esse projeto foi uma oportunidade para refletir sobre o que é ser verdadeiramente inclusivo e lembrar que inclusão é mais do que acolhimento. É oportunidade de desenvolver habilidades e potencialidades e tornar invisíveis as deficiências que todos nós temos”.

Fonte: http://porvir.org/alunos-gravam-audiolivro-para-biblioteca-braille/

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