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Ideias para aumentar a satisfação do professor em sala de aula

Um professor que recebe apoio no dia a dia e é estimulado a fazer parte de uma rede de troca experiências com colegas é mais satisfeito e comprometido com seu trabalho. Se ele estiver diante de uma classe em regiões de baixo nível socioeconômico, mais importante ainda são essas atitudes. Essas conclusões e recomendações fazem parte de um novo estudo divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) chamado “Apoio ao profissionalismo do professor”, que por sua vez é baseado na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS, na sigla em inglês).

No estudo o conceito de profissionalismo se divide em outros três: 1) base de conhecimento para dar aula (o que inclui formação inicial e continuada); 2) autonomia, definido como poder de decisão de um professor sobre aspectos relacionados a seu trabalho; e 3) redes que promovem intercâmbio de informação para apoio ao ensino e evitar o trabalho isolado em um mundo que exige cada vez mais colaboração. No levantamento feito com 100.000 professores e diretores de 34 países e dados provenientes de outros quatro, incluindo o Brasil, o nível de profissionalismo docente é medido de acordo com o número de boas práticas alcançadas pelo professor.

Apesar da variação entre os países sobre o nível do que a OCDE considera profissionalismo, a pesquisa descobriu que existem áreas que são notadamente enfatizadas. Por exemplo, professores costumam receber maior incentivo durante a formação inicial do que durante o período em que já estão comandando uma sala de aula. Também é menos provável que eles tenham acesso a uma bolsa para um curso de aperfeiçoamento fora do horário de trabalho.

Com um recorte para professores da etapa que no Brasil equivale ao ensino fundamental 2, o estudo encontrou importantes diferenças entre as escolas. Os de ensino fundamental tem maior chance de ter participado de um programa de formação inicial do que aqueles de ensino médio. Por outro lado, esses últimos são mais propensos a demonstrar autonomia quando comparados aos colegas das turmas de alunos mais novos.

Apesar de países terem sistemas de formação parecido, existem grandes diferenças entre o nível de poder de decisão dado aos professores e o de apoio à formação de redes para troca de conhecimento e experiências. Neste último caso, mais precisamente, os professores tendem a receber feedback (retorno) de colegas e supervisores a partir de observação direta. A participação em um rede de professores dedicada ao desenvolvimento profissional ou em algum programa específico é menos citada.

Satisfação, status e autoeficácia

Ao examinar a relação entre profissionalismo do professor e de políticas voltadas a ele, o estudo aponta que elas impactam no reconhecimento de status, satisfação com a profissão e o ambiente escolar e autoeficácia. Ter base de conhecimento e uma ampla rede de colegas são fatores que estão ligados a um maior status e satisfação em todos os países, enquanto o mesmo não acontece com a autonomia.

Preocupação com a equidade

O relatório da OCDE também analisou como o apoio aos professores acontece em escolas de diferentes níveis econômicos e sociais. As unidades que mais precisam de ajuda são as que possuem alunos estrangeiros, que não tem a língua local como materna; que tem necessidades especiais ou nível socioeconômico mais baixo. A característica que mais separa escolas privilegiadas daquelas que necessitam maior atenção é a autonomia.

Como esperado, o nível de apoio que os professores recebem tem ligação direta com a satisfação que demonstram com o atual emprego. Importante para questões de equidade, a associação entre apoio ao profissionalismo e satisfação é maior para professores de escolas com maiores necessidades, o que sugere que um dos melhores investimentos que diretores podem fazer para motivar suas equipes é providenciar práticas que apoiem o profissionalismo do professor.

Implicações políticas

Apesar de reconhecer a influência benéfica para os professores de altos de níveis de profissionalismo, o estudo da OCDE reconhece que é difícil chegar a um nível de excelência em diferentes contextos. Além disso, prefere não levantar hipóteses sobre o que é melhor para cada sistema. Em vez disso faz recomendações sobre o que uma política eficiente deve considerar, especialmente para escolas de fundamental 2, com alunos de baixo nível socioeconômico:

– requisitar que professores participem de um programa formal de formação inicial que os exponha à pedagogia e à prática;

– expandir programas de indução e mentoria;

– apoiar professores na realização de pesquisas em sala de aula individuais ou colaborativas;

– encorajar professores a participarem de redes com outros professores para a troca de informações.

Fonte: Por Vir

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