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Os alunos dele tinham medo de errar. Ele resolveu inovar.

Para os seus alunos perderem o medo de errar, este professor utilizou uma linguagem diferente. Confira!

Varlei Xavier Nogueira iniciou sua carreira como inspetor de alunos. Formou-se em letras e em teatro. Ao perceber a atual situação de violência e agressividade nas escolas  e principalmente um olhar de não aceitação da possibilidade e do ato de errar, ele resolveu mudar.

O professor começou a brincar que o medo de errar é uma doença degenerativa, que incapacita a criança de assumir pequenos riscos e, por conseguinte, de aprender, pois gera um senso de incapacidade e impotência diante do novo.

Início

Segundo Varlei, ele “começou a realizar este trabalho na rede pública, por volta de 2007, visitando aulas de colegas e das próprias turmas como palhaço. Mas ao visitar a sala de aula, o objetivo do palhaço não era ensinar, e sim aprender, já que o palhaço é o arquétipo que mais representa a falibilidade humana”.

Logo percebeu que esse trabalho tinha um impacto altamente positivo na dinâmica da sala de aula. Notou ainda que, quando estava sozinho, nas próprias aulas, a atividade fluía com menos qualidade, pois a mediação do professor e o contraponto que o palhaço fazia em relação a ele eram significativos.

Em 2013, já na rede particular, fez proposta para a direção do antigo Colégio Central Casa Branca, hoje Centro Educacional Solaris, de implantar o programa nas turmas do ensino fundamental com visitas semanais. Em contato com a sala de aula periodicamente, o trabalho ganhou amplitude e ele pode aprofundar a metodologia de trabalho, que passou a chamar de “Palhaço Aprende”. Em 2016 atuou em outras duas escolas como “Palhaço Aprendedor”, além de treinar sua esposa, que além de professora, também é atriz e palhaça, para atuar na escola particular onde ela atua em Diadema.

Hoje Varlei coordena um programa que conta com outras três Palhaças Aprendedoras, que atuam no Centro Educacional Solaris, onde está como coordenador de projetos e programas.

A metodologia em si funciona de acordo com alguns protocolos a serem seguidos pelo palhaço ao adentrar o ambiente da sala de aula. Em primeiro lugar, assim como um palhaço de hospital, o palhaço não invade a sala de aula sem pedir a autorização. Em sua entrada, o “Palhaço Aprendedor” bate à porta da sala, saúda a turma e pede licença. Neste momento, além de apresentar um comportamento gentil, o palhaço observa a turma, fazendo uma leitura inicial de como as crianças estão, de como a aula está funcionando a até mesmo se há alguma criança demonstrando medo de palhaço, fator muito importante a ser observado na primeira visita. Em caso de percepção de uma criança assustada, o espaço na criança precisa ser garantido e nunca se deve avançar em direção a uma criança com medo.

Ao entrar na sala, “O Palhaço Aprendedor”, pergunta ao professor onde deve sentar e após sentar-se questiona à turma o que está acontecendo na aula, o que está sendo feito. Ao fazer isso, o palhaço, em primeiro lugar, redireciona a autoridade e a gestão da turma ao professor e se coloca disponível ao processo de ensino-aprendizagem.

A partir daí, a cada interação, que, neste caso, depende da proposta do professor, pois o palhaço se adapta à atividade do dia, busca o que chamam em sua metodologia de “Melhor Erro Possível”, um erro que possui características singulares e que pode ser vetor de uma aprendizagem significativa.

O erro proposto pelo palhaço precisa, em primeiro lugar, ser contextualizado, fazer parte daquele conteúdo, ter relação direta com o que está sendo trabalhado e discutido, caso contrário é só mais uma gracinha e, convenhamos que aluno que faz palhaçada todo professor já tem; o erro também precisa ser identificável, e preferencialmente pela criança; por último, o erro precisa ser solucionável, ou seja, a criança precisa ser capaz de solucionar o erro proposto pelo palhaço.

Cada erro proposto pode ser apenas um erro de compreensão, de conceito ou ser um erro de procedimento. À medida que o trabalho vai acontecendo, a criança vai naturalmente entendendo que errar é uma etapa da aprendizagem, passando assim a assumir pequenos riscos em busca da aprendizagem e vendo o ato de errar com mais leveza.

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Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/12127/blog-de-alfabetizacao-ferias-hora-do-professor-trocar-o-estresse-pelo-descanso 

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