Conexão Xalingo – Blog

Esta professora criou um projeto para alunos aprenderem Ciências através do desenho

Professora inspirou seus alunos a questionarem os conteúdos que são passados nas apostilas de Ciências. Saiba mais!

Aline Borges é professora do 4º ano no Colégio Dom Bosco, em Imperatriz/MA, e, durante as aulas de Ciências percebia que seus alunos absorviam e memorizavam os textos das apostilas. Porém, a sua ideia era que os estudantes construíssem de forma crítica o conhecimento, pois quando questionava a eles sobre estarem entendendo a aula, davam respostas idênticas às explicações das apostilas. Para a educadora, estavam somente repetindo o programa, e nunca pensando ou questionando.

Esse foi o pontapé inicial para o seu projeto “Desenhando a Ciência”. Nele, ao invés de somente atividades escritas, ela começou a trabalhar com desenhos. Para dar o “start” à ideia, ela elaborou pequenos projetos, com a intenção de mostrar aos alunos que os desenhos também podem ser produções científicas.

O começo do projeto

A primeira ação posta em prática foi explicar aos alunos as diferentes formas de textos: os que usam palavras (textos verbais) e os que não utilizam elas (textos não-verbais). Ela levou vários exemplos e foi aberta uma discussão sobre isso.

O próximo passo foi explicar a função do desenho nas diferentes áreas do conhecimento. Para isso, Aline falou sobre a diferença dos desenhos em Artes para outras matérias, como Matemática, por exemplo. Ela utilizou as plantas baixas, que estava ensinando em Matemática, como exemplo. Mostrou que, em um desenho artístico de uma casa, pode-se usar toda a imaginação, mas em um desenho de planta baixa não, porque a função deste é dar informações sobre a casa. Explicou que os desenhos de Ciências tinham de ser bem feitos, mas, o mais importante, é que contivessem as informações científicas que apresentavam ao leitor.

Resultado

Depois das aulas introdutórias, sobre os tipos de textos e a função dos desenhos em ciências, a terceira etapa foi a produção. O tema era o “Bioma Deserto”. Cada um dos alunos produziu seu próprio desenho. Porém, ela permitiu ficarem em grupos para discutirem sobre o assunto e partilharem material, como lápis de cor e canetinhas. Durante a atividade, Aline notou uma grande diferença, pois várias dúvidas e perguntas surgiram: “se não chove, então não existe arco-íris no deserto?”, “por que os cactos não tem folhas iguais outras árvores?”, “de onde os animais do deserto tiram a água para sobreviver?”, “de onde vem a água dos oásis?”, “é mesmo verdade que nunca chove no deserto?”.

Uma das alunas, por exemplo, mostrou seu desenho e perguntou se estava bonito. Ele continha elementos como flores, pássaros no céu e uma árvore frutífera. Quando a professora questionou o porque daqueles seres vivos não poderem estar no desenho, a aluna falou que não sabia a resposta. Então lhe perguntou se poderia pesquisar na apostila. Além das perguntas, essa foi outra vitória que Aline disse que conseguiu: a iniciativa de ler e reler a matéria estava partindo deles. Não era uma imposição dela.

Um grupo de meninas também lhe questionou se existiam nuvens no deserto. De início, ela não entendeu a pergunta. Depois as alunas explicaram que era o ciclo da água que formava as nuvens. Como deserto tem pouca água, por que nas imagens da apostila tinham muitas nuvens? Disseram que estava debatendo sobre esse assunto e que a apostila não falava nada sobre isso. A pergunta foi colocada para a classe responder. Levantou-se muitas hipóteses: a imagem estava errada; as nuvens se formaram da água dos oásis; as nuvens poderiam ter vindo trazidas pelo vento; o dia que a foto foi tirada tinha chovido… Porém não se chegou a um consenso.

Por isso ficou para que se pesquisasse em casa. Alguns disseram que ia perguntar aos pais, outros que iam pesquisar no celular ou computador. Mais duas vitórias! Eles questionaram o próprio material de estudo. Estavam pensando e não só reproduzindo informações. O desenho serviu também para que entendessem que o computador e o celular são ferramentas de estudo, não só de lazer.

Conhecimento levado adiante

Para encerrar, Aline combinou com outra professora uma pequena apresentação dos desenhos: levou a classe do 4º ano para mostrar e explicar seus desenhos aos colegas dos terceiros anos. A maioria quis apresentar. O que a deixou mais contente nessa fase foi a espontaneidade com a qual foram apresentados os desenhos. Nenhuma fala foi decorada da apostila.

O desenho na educação infantil é frequente, todavia direcionado ao lúdico. No ensino fundamental, além desse propósito, o projeto mostrou que pode servir para o início da alfabetização científica.

Aline ainda disse: “nem sempre posso levar meus alunos para fora da classe ou realizar experimentos, o que penso ser também um problema para grande parte dos professores de ciências do Brasil. Assim, acredito que o desenho é uma ferramenta útil para a construção do conhecimento e grande motivador do pensamento científico, desde que as atividades sejam conduzidas com atenção e rigorosidade científica. É uma proposta simples, mas eficaz”.

E para ficar por dentro das últimas novidades da Xalingo Brinquedos, inscreva-se em nosso canal no Youtube:  https://www.youtube.com/channel/UCnboP10bPCLYgMJ8AzwRBGg

Fonte:
http://porvir.org/projeto-com-desenhos-faz-alunos-questionarem-apostila-de-ciencias/

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *