Diante de uma possível retomada das aulas
presenciais em diversos estados do Brasil, há muitas dúvidas e preocupações.
Mas os exemplos de outros países, que já tiveram o retorno das aulas, podem elucidar os cuidados que deverão ser
tomados por aqui. Confira como foi em alguns países.
Israel
Logo que a pandemia atingiu o país, entre os meses
de março e abril, foram tomadas atitudes drásticas, como fechamento das
fronteiras e a parada de atividades presenciais em empresas, estabelecimentos e
escolas.
Mas, em maio, foram retomadas diversas atividades,
como as aulas presenciais. O resultado não foi bom: em um dos colégios mais
tradicionais em Jerusalém, o Gymnasia Ha’ivrit, foram identificados dois casos
de covid-19. A escolha foi optar pelo fechamento da escola e aplicar o isolamento.
Aliado a isso, foi realizada testagem em massa, que resultou em 178 pessoas
contaminadas (153 estudantes e 25 profissionais).
Mais casos foram registrados em outros colégios e, aproximadamente
250 escolas precisaram fechar novamente. Era necessário identificar respostas
para o surto em Israel e especialistas chegaram às seguintes conclusões:
– Três dias depois da reabertura das escolas, com
uma onda de calor com temperaturas batendo mais de 40 graus, o governo liberou
que os alunos não utilizassem máscaras por três dias;
– Na escola que foi o primeiro foco de infecção, o
número de alunos por sala de aula superava 30, quantidade acima da recomendável
por órgãos especializados;
– Houve uma desatenção ao distanciamento social e à
ventilação dos ambiente.
Não existe um consenso se foi a reabertura das
escolas que ocasionou o surto de Covid-19, mas ainda assim é possível retirar
alguns apontamentos dessa tentativa. “O meu entendimento da experiência de
Israel é que não podemos relaxar nas medidas de segurança, enquanto não houver
uma vacina”, afirma Tatiana Filgueiras, vice-presidente de Educação e Inovação
do Instituto Ayrton Senna. “É muito importante que as medidas básicas – uso de
máscara, lavagem das mãos, distanciamento social – sejam mantidas”.
O fato enfatiza um alerta que vem sendo expressado
por professores e epidemiologistas. “Ainda que tenhamos prejuízos acadêmicos, a
vida deve estar em primeiro lugar. Enquanto não tivermos uma vacina, penso que
seja pouco provável que as escolas consigam administrar um retorno às aulas
presenciais com segurança”, afirma Vera Capellini.
China
Sendo epicentro do covid-19, a China manteve suas
escolas fechadas por 4 meses, com retorno progressivo entre abril e maio, sendo
dividido por províncias e também de acordo com idade dos alunos.
Os protocolos chineses para reabertura estabeleceram
diversos requisitos:
– Só podem reabrir escolas localizadas em regiões
sem nenhum caso de contaminação nos últimos 14 dias;
– Todos os alunos e funcionários passam por medição
de temperatura diariamente pela manhã;
– As escolas distribuem máscaras, luvas e
desinfetantes de mãos para todos os alunos e funcionários;
– Os espaços da escola passam por uma desinfecção
diária;
– Os professores devem oferecer acolhimento
emocional aos alunos;
– As escolas devem manter um mapeamento detalhado da
situação epidemiológica; caso sejam confirmados novos casos, autoridades
precisam ser notificadas e o isolamento social deve ser recomendado.
Quando a volta aconteceu, somente um caso foi
reportado: um estudante que viajou para o exterior. Mas logo depois, outros 55
casos de viajantes foram vistos. Já em Pequim, os alunos ganharam pulseiras que
emitem alertas quando for detectada temperatura corporal elevada.
Coréia do Sul
O país, que foi uma das referências sobre como lidar
com a pandemia, iniciou a reabertura de suas escolas ao final de maio, através
de sua testagem em massa. Assim como na China, o retorno foi gradual e iniciou
pelos estudantes do Ensino Médio.
As exigências da reabertura sul-coreana foram
similares às chinesas:
– Uso obrigatório de máscaras em toda a escola;
– Escalonamento dos horários de aulas e intervalos;
– Medição da temperatura de alunos e funcionários da
escola diariamente pela manhã;
– Regras claras de distanciamento social; os alunos
se sentam sozinhos em mesas que anteriormente abrigavam dois estudantes.
Apesar de todo esse cuidado, houve alguns problemas:
escolas da região da capital Seul precisaram fechar poucos dias depois da
reabertura, enquanto mais de cem tiveram que adiar a reabertura, pois dois
estudantes foram diagnosticados com o novo coronavírus.
França
A França iniciou a retomada, de forma voluntária, na
primeira quinzena de maio, priorizando Ensino Infantil e Fundamental. No final
de junho, a volta foi obrigatória para todos os alunos de Fundamental e Médio,
ainda que por apenas duas semanas – pois logo se iniciaram as férias de verão
por lá.
Na França, o distanciamento social determinado entre
alunos foi de quatro metros quadrados. Com isso, a quantidade de alunos por
turma precisou ser reduzida pela metade. Crédito: Getty Images
O ministro da Educação Jean Michel Blanquer alegou
que reabrir era necessário por uma questão de “emergência social” – referindo-se
a preocupações como fracasso escolar e evasão. Os protocolos franceses para
reabertura foram rigorosos: medidas de desinfecção e higiene de todos os tipos,
máscaras obrigatórias para professores e estudantes maiores de 11 anos,
distanciamento social de quatro metros quadrados entre alunos, e redução do
tamanho das turmas, de 30 para 15 estudantes.
Ainda assim, uma semana após a reabertura, 70 das 40
mil escolas francesas precisaram fechar novamente, por conta da identificação
de casos da Covid-19 – não se sabe ao certo se o contágio ocorreu nas próprias
escolas, pois o período de incubação é de 14 dias, podendo a contaminação ter ocorrido
na semana anterior à reabertura.
Alemanha
Já na Alemanha, nação que, assim como a Coreia do
Sul, foi considerada uma das referências no combate ao novo coronavírus, a
reabertura oficial se deu mais tarde, nas primeiras semanas de agosto, e de
forma faseada por estados (alguns voltarão apenas no início de setembro).
Os protocolos alemães incluem medidas bem definidas
de distanciamento social e higiene, escalonamento de aulas, e em muitos
estados, o uso de máscaras também é obrigatório. No entanto, mesmo com esse
cuidado, duas escolas do norte do país precisaram fechar novamente, por conta
da confirmação de novos casos de Covid-19 entre estudantes e professores.
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Créditos
da imagem: Freepik
Fonte: Nova Escola